domingo, 2 de março de 2008

Eu

Este meu cantinho nunca se caracterizou – ou se caracterizará – pela utilidade de auxiliar o desenvolvimento cognitivo. E, não, não é uma atitude de desonestidade intelectual ou fraqueza emocional. Aliás, é indesmentível que sou o melhor assador de bifanas da margem sul, factor suficientemente forte para desarmar os mais cépticos em relação à modéstia com que este post se iniciou.
E, isto, é um exemplo prático da minha instabilidade. "Humorizar-me" é um mecanismo automático de defesa. A dúvida diária que o meu melhor não é suficientemente visível para o exterior mata-me, lentamente, por dentro. É uma questão congénita. Sempre fui reservado e extremamente sensível, caminhando na ténue linha que separa a sensibilidade da fragilidade, evitando desmoronar-me como um castelo de cartas ao mínimo sopro adverso. Refugiei-me na escrita. Lembro-me de deixar notas escritas espalhadas pela casa, exortando a complacência dos meus pais para determinadas acções. Lembro-me de cada carácter que compuseram a minha primeira declaração amorosa, inocente como a mocidade. São as palavras escritas que me fazem crescer, que me amparam e dão expressão à minha existência. Mas, a criança sensível que ainda habita no meu ser, está sôfrega de um mimo corporal. Sem receios nem refúgios. Quero um abraço.

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